João Araújo/Prefeitura de Goiânia |
Nara Costa e Grete Nair Tirloni foram expositoras em simpósio organizado por núcleo de atenção biopsicossocial da Comurg, em Goiânia. Evento fez parte das celebrações do Dia da/o Assistente Social.
A mobilização e a luta na defesa da efetivação de políticas públicas e pela garantia de acesso aos direitos sociais, dentro dos limites do estado democrático de direito e do sistema capitalista, são importantes. Mas a luta estratégica deve ser pela superação desse modelo excludente de sociedade e construção de uma outra, sem exploração do trabalho e com distribuição das riquezas. A opinião é da Conselheira-presidente do CRESS Goiás, Nara Costa, e da assistente social do INSS, Grete Nair Tirloni, durante exposição em um simpósio com o tema “Realidades e Desafios do Assistente Social frente à Pandemia de Covid-19”, promovido pelo Núcleo Intersetorial de Atenção Biopsicossocial (NIAB) da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). O evento foi parte das comemorações do Dia da/o Assistente Social, 15 de maio.
Em sua fala, Tirloni abordou as concepções e a origem conservadora do Serviço Social no Brasil e a sua transformação conceitual, a partir da década de 1970, com o movimento de intenção de ruptura, passando a ter uma perspectiva crítica, no contexto teórico-metodológico, e a se referenciar no materialismo histórico e na teoria crítica. O materialismo histórico é uma abordagem metodológica ao estudo da sociedade, da economia e da história que foi pela primeira vez elaborada por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895).
A assistente social do INSS também avaliou a atual conjuntura política e econômica no Brasil, com o advento do neoliberalismo e as suas consequências, como o desmonte das políticas públicas e sociais. Para Grete Tirloni a questão da pandemia, embora importante, é apenas um detalhe de uma crise do sistema capitalista que já vinha de períodos anteriores e, agora, se agudiza. Se não tivesse ocorrido o desmonte das políticas públicas e dos direitos sociais, talvez o enfrentamento à pandemia pudesse ter se dado numa condição bastante diferente, avalia. Tirlone citou por exemplo as recentes reformas trabalhista, da previdência e o desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS), que ampliaram a exclusão social no País.
Nara Costa concorda que o governo Bolsonaro e outros recentes, como o de Michel Temer, são problema, mas o problema maior é o modelo de sociedade que eles representam. Para justificar a sua fala a Conselheira-presidente do CRESS Goiás busca a história. Lembra a Revolução Burguesa - por muitos chamada Francesa - que desmontou o sistema feudal e instituiu o sistema capitalista, com a promessa de liberdade, igualdade, fraternidade e justiça social para todos, inclusive às camadas pobres da sociedade. "No entanto, na verdade o que se viu foi o contrário: a substituição da nobreza pela burguesia, mantendo a perpetuação da condição de exploração das pessoas pobres da sociedade, não garantindo efetivamente o que havia sido prometido”, enfatiza, para ressaltar: o mesmo acontece atualmente!
“Temos que entender que o sistema capitalista, com as suas crises cíclicas e estruturais, é um modelo excludente que precisa ser substituído por um outro, sem a exploração do trabalho, com igualdade social e distribuição das riquezas”, defende. Para Costa, é nesse contexto que o Serviço Social como profissão precisa ser analisado.
Pandemia
Sobre o enfrentamento à Covid-19, de modo específico, Grete Tirloni e Nara Costa citaram o cenário de incertezas e insegurança que a nova situação gerou. As consequências do trabalho remoto; a falta de condições de trabalho, de equipamentos de proteção, para quem precisou manter o trabalho presencial; a falta de liderança e coordenação nacional para organizar a prevenção do contágio; e a importância de atuar com ética profissional em meio ao caos gerado pela negligência governamental na forma de lidar com a pandemia. Destacaram ainda a defesa da vacinação já, para todas as pessoas, como uma questão ética.
Simpósio
O I Simpósio de Serviço Social da Comurg, destinado aos e às profissionais assistentes sociais da companhia, foi realizado na sede da empresa, no dia 14 de maio, e, em função da pandemia, contou com a participação de cerca de 20 trabalhadoras/es. Coordenadora do projeto, a assistente social Cristiane Vieira avaliou o evento: “o saldo foi bastante positivo para ampliar o conhecimento de todos quanto à prática profissional e as nossas responsabilidades como categoria”, disse Vieira. O presidente da Comurg, Alex Gama, e a coordenadora do NIAB, Lídia Lemes, também participaram.
CRESS Goiás
Assessoria de Comunicação
Cláudio Marques – DRT 1534