Mesa dos Movimentos sociais na XXXV Semana d@ Assistente Social contou com representantes de mais de 15 setores da sociedade civil organizada
Logo após a conferência da professora mestra e assistente social Raquel Ferreira Crespo de Alvarenga, o Conselho Regional de Serviço Social – Seção Goiás trouxe para “o centro do debate”, na XXXV Semana d@ Assistente Social, os movimentos sociais.
O momento, coordenado pela diretora do CRESS Goiás, Nara Costa, trouxe lideranças dos mais diversos e significativos grupos. Participaram representantes do Levante Popular da Juventude Goiás; da Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (Enesso); do Movimento Nacional da População em Situação de Rua; do Movimento Camponês Popular (MCP); do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua; do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado; Agentes de Pastoral Negros; do Fórum Goiano de Mulheres; do Movimento LGBTT; do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomas Balduíno; do Sindicato dos Trabalhadores no Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO) e do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência nos Estados de Goiás e Tocantins (Sintfesp GO/TO), além de representante da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Goiás.
Primeiro a falar, Gilvan Rodrigues, representando a coordenação do MST-GO, disse que estava “muito feliz” de que as discussões e eventos referentes ao Dia Nacional d@ Assistente Social não estavam acontecendo “em um clube de Caldas Novas, mas junto aos movimentos sociais” e em meio a uma pauta que interessa de fato a todos os brasileiros. Ele, que também é assistente social, afirmou ainda que o momento “é de resistência”. “O MST visa, além da democratização da terra, a reforma agrária. E, além desses dois objetivos, a transformação social. Nós lutamos pelo socialismo; e nunca foi tão forte, tão necessária esta luta, quanto hoje, pois, fazer luta pela terra é enfrentar o capital financeiro, contra todos os retrocessos e arbitrariedades que estamos vivendo neste período”, afirmou.
Dorivan Maria, representando o Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua, trouxe à pauta a discussão sobre o processo democrático brasileiro e apontou: “falar sobre democracia hoje passa por falar sobre a liberdade de Lula”.
O movimento estudantil esteve representado nas falas da Enesso e também no Movimento Nacional da População em Situação de Rua, quando foi abordado que a dignidade da pessoa humana não passa por onde ela vive ou como ela mora, mas pelo que ela é. “Morar numa cobertura, num barraco, numa casa ou na rua não me define. Ser humano é o que me define”, leu, emocionado, o estudante de serviço social que representou o grupo.
Na visão da liderança do MCP, Denis Lucas Gonçalves, “os movimentos sociais têm lado, e o lado é o da classe trabalhadora. O serviço social é a categoria que tem mais dado esperança pra gente”, disse ele, convidando todos os profissionais do Serviço Social a participar dos atos de rua do MCP, do Congresso do Povo e dos movimentos de resistência. Segundo ele, a crise brasileira é vantajosa para o capital internacional e, com o golpe, foi negado ao povo até mesmo o direito ao processo democrático. “O congresso do povo é decisivo neste momento, pois representa a construção de uma plataforma de desenvolvimento brasileiro”, acredita.
Para a representante do Fórum Goiano de Mulheres, a professora Ana Rita, o tema da semana é bastante oportuno, especialmente quando se aborda a luta das mulheres brasileiras. “A história da mulher é marcada pela luta e pela superação de gênero, de classe social e de raça. As que mais sofrem são as negras e pobres, são as trabalhadoras. Estamos fazendo uma revolução silenciosa no mundo, trabalhando a desnaturalização da desigualdade”.
A fala da professora acompanhou também o sentido da fala de Simone Galvão, assistente social recém-formada, que representou o Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado e falou sobre o projeto “Investiga Meninas”, em parceria com a UFG, de empoderamento das mulheres negras “que podem ser aquilo que elas quiserem ser” em qualquer área do conhecimento. Ela fez alusão ao projeto que fala sobre meninas, negras e em condição de fragilidade social, que querem trilhar o caminho de estudo na área das ciências exatas.
Adriano Ferreto, do movimento LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis), contextualizou a difícil luta da população LGBT que, “desde que nasce, já não tem escolha; já nasce para resistir e sobreviver”. Segundo ele, 153 lgbts foram assassinadas no Brasil somente este ano, até o dia 15 de maio. “É o único segmento, dos movimentos mais conhecidos, que não possui nenhuma legislação que o ampare. Ao contrário, somos vítimas dessas legislações e da atuação de segmentos, especialmente os religiosos fundamentalistas, que querem nos exterminar”, desabafou. “Por mais que haja preconceito e dificuldades em diversos segmentos, e há, para nós o cenário é desesperador; somos o grupo mais desamparado, em todos os sentidos, e mais discriminado. Muitas vezes a prostituição é um caminho porque não há emprego para nós”, apontou.
O professor Pedro Wilson, representando o comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomas Balduíno, afirmou categoricamente que para a humanidade há somente dois caminhos, o capitalismo selvagem ou a defesa dos direitos humanos. “A luta pelos direitos humanos é a luta pela democracia. E a luta do comitê é colocar o saber a serviço da democracia participativa”.
Representantes do movimento sindical, Mauro Rubem, do Sindsaúde/GO e Terezinha Aguiar (Teca), do Sintfesp GO/TO – ambos também integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT-GO) – pontuaram a gravidade institucional do momento, para o País e para quem é classe trabalhadora no país. “Estamos em um momento gravíssimo, com o desmonte das políticas públicas em Goiânia, com uma administração estadual que entregou os hospitais públicos às OSs e com a retirada de direitos que ameaça toda a classe trabalhadora brasileira. E isso que está acontecendo aqui, coordenado pelo CRESS-GO, não acontece em outros espaços. Essa luta, essa unidade é fundamental, nós estamos sob golpe, sob intervenção. Portanto, é momento de resistência e unidade, para um enfrentamento de classe importantíssimo no país”, analisou o presidente da CUT-GO.
Da mesma forma, a dirigente do Sintfesp acredita que o momento é de “disputa de projetos de País e que a CUT-GO avançou bastante na busca pela unidade no movimento sindical, o que tem sido repetido em nível nacional, por meio da CNTSS”.
A deputada estadual Adriana Accorsi, que coordena a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Goiás, destacou que foi a primeira a implantar o serviço de assistência social na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). “Solicitei ao governador, via requerimento, que a polícia civil tenha seu quadro de assistentes sociais e psicólogos concursados. Convido vocês a fazerem parte dessa luta, que é nossa”, expressou.
Adriana ressaltou ainda a importância dos assistentes sociais no combate à violência doméstica. “Nós somos o 2º estado do País em feminicídio, pedofilia e em exploração sexual infantil no Brasil. Precisamos de mais delegacias da mulher no Estado, já que temos em Goiás somente 22; e 10 DPCAs, quase todas criadas por mim. Ou seja, temos muito a avançar. Não é seguro ser mulher e menina em nosso Estado. As políticas públicas funcionam, mas elas precisam ser aplicadas”, reiterou.
Em sua consideração final, Nara Costa, que coordenou a mesa dos movimentos sociais, avaliou que “o fortalecimento da democracia passa pela discussão do projeto de país que nós queremos e ansiamos enquanto classe trabalhadora, que é o que todos nós, assistentes sociais, somos”, concluiu.
Texto: Rodrigo N. Leles (JP 1224GO)
Foto: Ângela Macário
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