Mesa redonda com movimentos sociais encerra 34ª Semana da/o Assistente Social destacando importância da participação dos profissionais do Serviço Social na luta para manutenção e ampliação dos direitos da classe trabalhadora
Neste 15 de maio, quando celebrado o Dia do/a Assistente Social, os profissionais da categoria foram presenteados com riquíssimo debate promovido por porta-vozes de alguns dos principais movimentos sociais de Goiás. O debate teve como foco principal as lutas diárias de cada um dos movimentos e destacou a necessidade de todos se unirem em prol da classe trabalhadora.
Dorivan Maria, em seu último ato como vice-presidente do CRESS Goiás, sublinhou que a mesa redonda coroou com chave de ouro a programação da Semana, reforçando o entendimento da categoria na busca por unidade na diversidade. “O momento, mais do que nunca, requer articulação e estratégias conjuntas para o enfrentamento da conjuntura adversa. Passos importantes já foram dados, como a greve geral do dia 28 de abril. Com resistência, ética e ação, haveremos de lutar pela manutenção e ampliação dos direitos das/os assistentes sociais e de toda a classe trabalhadora de nosso País. E essa luta há de valer a pena!”, garantiu.
Representando a Central de Movimentos Populares, Walter Monteiro ressaltou a situação tenebrosa vivida em nosso país e a importância de união entre os trabalhadores e trabalhadoras para a garantia de um futuro melhor. "Queremos construir uma nação onde homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades. Onde patriarcado, machismo e todas formas de preconceito sejam extirpadas e o que vemos hoje é uma crescente desses preconceitos", comentou, ressaltando que os profissionais de Serviço Social são parte importante desse processo porque colocam sua vida a serviço do outro.
Gabriela Alves, do Movimento Secundarista em Luta Goiás, contou sobre o início do movimento, dois anos atrás, para lutar contra a privatização da Educação em Goiás, e porque ampliaram as bandeiras que defendem. "Como estudantes, reconhecemos que precisamos lutar pelos direitos de todos os trabalhadores. Precisamos acabar com a criminalização das lutas populares. Lutar não é crime. Se não lutarmos não teremos nada", afirmou.
A estudante destacou que os secundaristas tomaram a iniciativa de aumentar suas bandeiras de luta ao acompanhar a greve dos professores contra a terceirização da educação. "Entendemos a realidade das escolas, faltar merenda, não ter qualidade, professores cansados e doentes. Por isso, resolvemos apoiar e mostrar que o professor do Estado de Goiás não vai lutar sozinho". Foi nesse período que decidiram ocupar as escolas. "Educação tem que ser 100% gratuita e de qualidade! O estudante tem que se ver como parte da escola. Aquele que picha não o faz. Na ocupação, lavando banheiro todos os dias, conseguimos conscientizar os alunos. Foram só 27 ocupadas, mas toda luta é válida. No início, eram 300 escolas que seriam entregues para os empresários. Até agora, nenhuma escola foi privatizada", comemorou.
A representante do Sindifesp GO/TO, Giusele Sampaio, disse que a Federação Nacional dos trabalhadores está na luta pelo não desmonte da Previdência Social. "Estamos na luta para que o manual do/a Assistente Social seja exclusivo perícia médica. Estamos representando sindicato para confirmar que essa luta é árdua, mas estamos firmes e fortes"
Pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Elizabeth Cerqueira observou que atuação dos/as Assistentes Sociais “não é só trabalho, é tarefa de militância, de estar próximo dos que estão sofrendo. É necessário ter profissionais que entendam que estamos numa luta de classes”. A militante disse ainda que, neste momento em que vivemos a retirada de direitos, é preciso, cada vez mais, a parceria entre os movimentos sociais e as categorias que compõem a classe trabalhadora. “A gente precisa se unir em momentos e atividades como essa, que cada pessoa aqui seja a voz dos movimentos sociais. Não é só ser assistente social, tem que ser militante assistente social. Isso que é o bonito nessa profissão. Todas e todos estão desafiados a continuar lutando, fazendo enfrentamento seja na favela, no campo, sendo aluno ou dando aula. Que possamos dialogar mais”, finalizou.
Eduardo de Matos, do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, relatou aos presentes que, além de viver nas ruas, se envolveu com drogas, já pensou em cometer suicídio e passou por muitas dificuldades, até receber ajuda especializada: “Hoje, venho em nome de todas as pessoas nessa situação, que não estão aqui porque não conseguem tomar um banho, colocar uma roupa, tem vergonha de entrar aqui. Foi o contato com um profissional Assistente Social comprometido que permitiu estar aqui hoje. Profissional livre de estigma, preconceito, que leva sua ética e enxergue o outro como cidadão”.
A representante do Comitê Goiano de Direitos Humanos ‘Dom Tomás Balduino’ disse admirar a profissão por ser composta, em sua maioria, por mulheres, e sublinhou que o comitê é um “esforço coletivo de várias organizações da cidade e do campo, grupos de pesquisa, conselhos, movimentos autônomos... É um espaço para se proteger”, comentou, reforçando que a maior luta do grupo é contra a criminalização dos movimentos sociais e que eles estão sempre abertos ao diálogo. Ao fim de sua fala, reafirmou que na luta de classes não há empate e que “temos um lado: da classe trabalhadora”.
Porta-voz do grupo DiverCidade, Adriano Ferreto assinalou que, apesar de termos ouvido bastante a palavra ‘golpe’ no último ano, ela já faz parte do vocabulário LGBT há bastante tempo. “População LGBT vem levando golpes muito antes. Pela questão do preconceito, temos parcela quase total dessa população que hoje não tem opção de trabalho a não ser a prostituição, que deve ser opção, e não a única condição”, sublinhou. Ferreto aproveito para parabenizar os assistentes sociais já formados e os estudantes pelo trabalho contínuo na defesa dos direitos da população LGBT. “Essas populações minoritárias que sofrem preconceito e são criminalizados dependem muito de vocês. É vergonhoso que a prefeitura (de Goiânia) faça contratos de R$ 1.200”, defendeu, e desejou: “Que vocês coloquem suas convicções religiosas, pessoais, morais de lado e façam o trabalho que estudaram tanto par exercer. Vocês têm a possibilidade de mudar o mundo, talvez não o mundo todo, mas o mundo de alguém”.
Porta-voz do Movimento de Meninos e Meninas de Rua do Estado, Eduardo Mota pontuou que a entidade ajudou a construir o estatuto da criança e do adolescente, mesmo não vendo que ele seja praticado, e que o resultado da luta leva tempo para ser percebido e, por isso, os trabalhadores e trabalhadoras não podem desistir quando as coisas não acontecem de imediato. “Outro mundo é urgente e necessário, mas não caminha no tempo da nossa vontade, no momento que queremos. A mudança se dá na luta de tantos profissionais. A luta cotidiana é transformadora. Transforma pessoas comuns em bons profissionais. Primeiro pedido: encontrem nesse lugar da militância e insistam na luta. Afinal, transformação não vem ao nosso sabor”.
Ivanilde Batista, do SindiSaúde, reforçou que o sindicato sempre teve pauta voltada para parceria próxima com movimentos populares e na defesa da vida. “É nesse caminho de direito à saúde que o Sindisaude se constituiu. O serviço social sempre esteve presente e vamos continuar essa luta todos os dias”, afirmou.
Finalizando a mesa redonda, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Goiás, Mauro Rubem falou de sua preocupação com a violência policial, que ‘traz medo e insegurança’: “Esse modelo não serve. Quanto mais o policial bate no cidadão, mais ele sobe de patente. Estaremos no dia a dia para a desmilitarização da polícia”. Ruben também comentou a necessidade de controlar o avanço da Direita. “Temos um sistema que foi asfixiado nacionalmente. É necessária ação de transformar, precisamos criar formas para que essa luta multiplique. O projeto político pedagógico e a força que categoria dos profissionais do Serviço Social tˆEm é fundamental para nossa luta. É o que precisamos para cuidar das pessoas e do planeta”.
Foto: Ricardo Alves