Papel da/o Assistente Social no enfrentamento do preconceito e no acolhimento dos migrantes é tema de conferência da XXXIV Semana da/o Assistente Social
O auditório da Área II da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) foi palco de um dos temas mais atuais e complexos vividos diariamente pela sociedade mundial: migração. A pesquisadora Cleusa Santos levantou questionamentos e debateu com os participantes da XXXIV Semana da/o Assistente Social os desafios e problemas enfrentados pelos migrantes e a relevância do papel da categoria no enfrentamento dessas questões.
“Os problemas geopoliticos nos convidam a enfrentar um tema que é central para o/a Assistente Social que são as demandas apresentadas pelos cidadãos que chegam aos nossos países em busca de refúgio, em busca de trabalho, de habitação, assistência, saúde, enfim, para reconstruir sua vida. Parafraseando Lenin, Ninguém sai de sua proporia casa por livre vontade. Sai por contingência, por pobreza”, disse.
O preconceito latente sofrido pelos migrantes é justificado por Cleusa pelo papel que eles ocupam no país/região onde chegam. “Ele vai tirar o trabalho do nacional, vai ocupar os empregos que os locais não querem. Esse é o principal preconceito. Os outros são construídos historicamente, vêm pela raça, pelo credo”, explica.
A resolução desse problema, no entanto, “não se dá nessa ordem social. Para construir uma humanidade dentro de um processo civilizatório em que não há nenhum preconceito é necessário uma grande trasnformação que, hoje, dentro do capitalismo, ao invés de ser suprido, é reforçado. A individualidade cresce, temos a divisão das pessoasl, a competitividade é estimulada. Precisamos de uma sociedade mais humana, onde nossas bandeiras possam ser de fato concretizadas.
Cleusa Santos estuda as políticas dos organismos internacionais há 15 anos para entender a determinação capitalista de transformar todos os serviços sociais em negócio. A pesquisadora questiona o por quê do capital poder transitar livremente entre os países e o trabalho, o trabalhador, não. “Percebi que essa questão não estava posta. É tendência do Capitalismo prescindir de trabalho humano”, destacou, ressaltando que, se houvesse organização, seria possível trabalhar menos horas, mas todos trabalharem.
Para ela, é um desafio para a categoria profissional da/o Assistente Social enfrentar problemas, ainda mais nesse momento de retrocesso das políticas públicas e dos direitos sociais e avanço de uma Direita opressora em todo o mundo: ˜Mais do que nunca, precisamos fortalecer os próximos movimentos em defesa dos trabalhadores, dos nossos direitos e da humanidade.”
Breve currículo Cleusa Santos:
Assistente social formada pela Universidade de Ribeirão Preto (1982), com mestrado (1990) e doutorado em Serviço Social (1998) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Concluiu o pós-doutoramento no Centro Interdisciplinar de História, Cultura e Sociedade da Universidade de Évora (CIDEHUS), Évora, Portugal, em 2011. Atualmente é professora do departamento de Fundamentos da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lecionando também na pós-graduação Strictu-Sensu. Desenvolve estudos e pesquisas sobre mobilidade do trabalho, migrações e organismos internacionais; é Pesquisadora Integrada ao Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais da Universidade Nova de Lisboa e do CNPq. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Trabalho, Teoria Política e Socialismo.
Foto: Ricardo Alves