Um chamamento à união de todas e todos assistentes sociais de Goiás e do Brasil e da classe trabalhadora de forma geral para o enfrentamento necessário exigido pela conjuntura nacional deu o tom da conferência “Condições éticas e técnicas do trabalho da/o Assistente Social em Goiás”, de Neimy Batista da Silva, realizada na tarde desta terça-feira, no auditório da área IV da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
Assistente Social graduada pela PUC Goiás e mestre em Política Social pela Universidade de Brasília (UNB), Neimy falou a um público atento e engajado e emocionou a todos ao tratar do tema e das contradições e tensões que ele provoca diante da realidade brasileira. Em seu trabalho acadêmico, ela trata das demandas relativas à realidade de trabalho dos profissionais do Serviço Social, expressas nos reduzidos salários, nas amplas jornadas de trabalho, nas precárias condições dos espaços físicos, nas irregularidades contratuais, nas complexas relações sociais e de trabalho, nas exigências institucionais e políticas. Ela investigou e analisou as condições éticas e técnicas que permeiam a atividade profissional do assistente social no Brasil, de 2009 a 2014.
Segundo Neimy Batista, as condições de trabalho da/o assistente social na contemporaneidade “sofre influências de uma conjuntura que tem rebatimentos de tendências neoliberais e da mundialização e são fenômenos que afetam toda a classe trabalhadora”.
“Há um desafio aí. O profissional de serviço social que tem como objeto a matéria prima de seu trabalho, as expressões da questão social, também sofre essas implicações das expressões da questão social. E ao enfrentar esses desafios que se agudizam e se intensificam nos últimos anos, também atendem sujeitos sociais que, do mesmo modo, enfrentam essas situações no seu dia-a-dia. Então cada dia mais é um profissional que se encontra pressionado por esta realidade social, pelo empobrecimento, pela exploração do trabalho, pela desigualdade social”, avalia.
Além disso, expressa, as condições de trabalho são influenciadas pelos investimentos no conjunto de políticas sociais, porque a maioria dos profissionais de serviço social hoje se encontra inserida na esfera pública estatal. “Quando o governo federal estabelece o congelamento dos investimentos por 20 anos, isso irá afetar mais ainda essas condições de trabalho”, denuncia.
Para ela, não há outra saída que não o enfrentamento dessa difícil realidade. Enfrentamento esse que precisa ser feito por meio da união. “A união é fundamental. Unir assumindo as bandeiras de lutas que são coletivas da classe trabalhadora. Até porque muitos destes compromissos que assumimos nas últimas décadas são expressão do posicionamento do serviço social que se propõe a romper com o conservadorismo, do compromisso com a classe trabalhadora, com a defesa intransigente dos direitos humanos, com a reafirmação dos direitos sociais”.
Entre as várias situações de precarização do trabalho do e da assistente social Neimy destacou o aumento na carga horária de trabalho, o duplo vínculo como forma de aumentar a renda, o trabalho social que é feito até por meio de telefone, de modo não presencial. E apontou como relevante a fiscalização do trabalho irregular que, para ela, além dos Conselhos Regionais de Serviço Social, precisa ser feito pelos próprios profissionais.
Mais importante, no entanto, é saber que “o trabalho que possibilita a historicidade (razão de ser do trabalhador), ele é central porque possibilita a realização, a transformação e o atendimento das necessidades básicas do homem”.
A conferência foi coordenada pela Assistente Social Elizângela da Conceição Brito, que foi coordenadora-executiva do CRESS Goiás de 2011 a 2015 e, atualmente, é assistente social na Pró-Reitoria de Assuntos da Comunidade Universitária/PROCOM-UFG.