Atual cenário político e social é tema do evento organizado pelo CRESS Goiás. Profissionais, pesquisadores e estudantes reforçam seu compromisso com a defesa das liberdades democráticas e dos direitos sociais
O tradicional evento realizado pelo conjunto CFESS/CRESS chega à 34ª edição em Goiás com o tema “Na luta de classes não há empate”. A Semana do/a Assistente Social reúne na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) profissionais, pesquisadores e estudantes de Serviço Social com a finalidade de valorizar a trajetória de luta na profissão, reafirmando a importância do trabalho realizado pela categoria, além de debater e defender a manutenção dos direitos humanos e sociais dos cidadãos brasileiros.
Esta 34ª Semana do/a Assistete Social, no entanto, tem um objetivo muito maior: fortalecer a luta da categoria e de toda a classe trabalhadora, buscando formas de combate coletivo e definindo estratégias de enfrentamento. “O país passa por um momento extremamente triste, com regressão da política e das questões sociais. Ainda mais com esse governo, há a aceleração de uma agenda cada vez mais conservadora. O Assistente Social é um profissional que está, em grande parte, na base da sociedade e, por isso, temos o compromisso de dizer o que é essa conjuntura e os impactos para a população brasileira. Temos que lutar!”, destaca Ilma Inácia de Sousa Pugliesi, presidenta do CRESS Goiás durante o triênio 2014/2017.
Com tema “Na luta de classes não há empate”, a campanha do Dia do/a Assistente Social 2017 expõe o aumento da violência e da criminalização das lutas sociais, cada vez mais recriminadas e reprimidas. Para Eleusa Bilemnjian Ribeiro, vice-presidente da Diretoria Regional Centro Oeste da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), a Semana é um importante momento de debate: “Na luta de classes, as posições são bem definidas. Ou é patrão ou trabalhador. São antagônicas, distintas. E nós? Qual vamos seguir? Em que luta estamos inseridos? Acredito que esses dias são ótima oportunidade de aprofundamento dessas questões”.
A Assistente Social Mestra Carmen Regina Paro, coordenadora do curso de Serviço Social da PUC-Goiás, ressalta que os direitos da classe trabalhadora foram conquistados com muitas lutas, com vidas, e que, por esse motivo, o povo não pode permitir o retrocesso. “Nos posicionamos como classe trabalhadora na luta por essas conquistas de direitos e, ainda mais, pela universalidade deles. Vemos uma categoria que vem se posicionando na defesa intransigente desses direitos. Precisamos nos fortalecer nesse enfrentamento, principalmente neste momento”, ressalta, elogiando a mobilização da classe de Assistentes Sociais.
Representando os acadêmicos do Serviço Social, Samara Gomes de Almeida, estudante do sexto período de serviço social PUC-GO e coordenadora regional da Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO), se diz orgulhosa em participar da 34ª Semana do/a Assistente Social representando a entidade. “Nossa instituição sempre se posicionou contra o processo de Impeachment da presidenta Dilma, eleita pelo povo, não por concordar com a política do seu governo, mas pela tamanha violação à Constituição Federal e por entender que o projeto em questão representava um retrocesso aos direitos sociais, assim como o avanço do conservadorismo. Nós, estudantes de Serviço Social, nos posicionamos contra o governo Temer e lutamos contra toda forma de repressão e criminalização dos movimentos sociais.
CONFERÊNCIA MAGNA/Filósofo Caio Antunes
“Contra a barbárie institucionalizada só nos resta a dura luta popular”
Em pleno terceiro milênio vivemos a barbárie institucionalizada. Retrocedemos ao século 18. Vivemos debaixo da exploração do homem pelo homem, da exploração alienada capitalista. E a única forma de combater essa exploração e essa barbárie é o confronto, que deve se dar de forma organizada, por meio de muita luta. “Da dura luta”.
A análise e a saída apontada são do Mestre e Doutor em Filosofia da Educação pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da Educação PAIDÉIA, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, Caio Antunes. Na noite do 8 de maio, no auditório da PUC, ele proferiu a Conferência Magna de abertura da Semana da/o Assistente Social, organizada pelo CRESS Goiás. Segundo o professor, que também dá aula de Educação Física e de Dança na UFG, vivemos a época de um receituário político e ideológico chamado neoliberalismo, de restruturação produtiva, da tal “pós-modernidade” e do capital financeiro fictício, de superexploração do trabalho.
Para Antunes, que abordou o tema “Na luta de classes não há empate – Atual conjuntura brasileira”, a luta de classes é um confronto entre quem faz e quem leva, onde não há a possibilidade de empate. Ele explica: o empate suposto na luta de classes é o empate que beneficia quem se apropria do que a outra classe produz. “O empate na luta de classes é a necessária derrota da classe trabalhadora, que só pode ser combatida por meio da luta, do confronto organizado”, avalia.
Essa luta, de início, reconhece, deve se dar pelos mínimos direitos e liberdades ‘burgueses’. Mas em algum momento vai requerer uma ruptura com a estrutura, com o sistema de produção capitalista e seus pilares. “Sem um enfrentamento revolucionário e emancipador vamos continuar acumulando derrotas”, alerta. A mediadora do debate foi a presidenta do CRESS Goiás, Ilma Inácia de Sousa Pugliesi.
Foto: Ricardo Alves